O Novembro Negro têm uma grande importância histórica, por simbolizar as lutas do povo negro contra a escravidão, a exploração e o racismo. 20 de novembro é a data da morte de Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares. É a luta da memória e da história contra o esquecimento e o silêncio. As marcas do nosso passado escravista se fazem presentes e devem ser superadas com políticas de reparação e a redução das desigualdades sociais.
São Paulo e Itaquaquecetuba têm em seu passado a escravidão de indígenas e de africanos. Os índios obrigados a trabalhar sob o regime de administração particular eram chamados de Negros da Terra, Peças do Sertão ou Negros do Cabelo Corredio. Os africanos escravizados eram os Negros da Costa ou Negros da Guiné.
No distrito de Itaquaquecetuba, no ano de 1832, o Juiz de Paz José Nobre de Moraes informou o total de 2.590 pessoas, divididas em: 1005 brancos, 102 índios, 1366 pardos e pretos livres, 117 pardos e pretos escravizados; distribuídas em 725 fogos (habitações) e 8 quarteirões (que incluía os bairros Guaió e Baruel, atual região de Poá e Suzano).
Bumba Meu Boi, 1989 |
A cultura afro-brasileira foi homenageada com a denominação das ruas do loteamento Residencial Fortuna, nas proximidades do Jardim São Paulo, pela Lei nº 1408, promulgada em 13 de maio de 1993, 105 anos após a Abolição da Escravidão: Rua Xangô, Rua Ogum, Rua Oxum, Rua Iemanjá e Rua Cosme e Damião. Porém, no mesmo ano, na antevéspera do dia 20 de Novembro, foi promulgada a Lei nº 1436, de 18 de novembro, que alterou a denominação de quatro das cinco ruas, para: Rua Barra do Una, Rua Boracéia, Rua Barra do Saí e Rua Indaiá. Permanecendo apenas a Rua Cosme e Damião.
José Marinho Ferreira e Júlio Lerner (1989) |
O folguedo do “Bumba Meu Boi”, cujas origens são africanas, indígenas e europeias; teve início, em Itaquaquecetuba, no ano de 1975. Seu organizador foi o mineiro de São João Del Rei, José Marinho Ferreira que aqui fixou residência, em 1948. Disse ter vindo “pra dar um passeio e achei bom e fiquei por aqui trabalhando”. Na época do Carnaval “só tinha o salão da Dona Adélia [Riechelmann], não tinha nada, então se via o pessoal, quem podia entrava, quem não podia, ficava do lado de fora. Então fui em Minas e trouxe o Bumba Meu Boi”. Em 1976 organizou uma Escola de Samba. Marinho morou no bairro Vila Maria Augusta, sendo homenageado com seu nome na escola do bairro, a EMEB José Marinho Ferreira.
Cláudio Sousa
Texto originalmente publicado na coluna Histórias de Itaquaquecetuba, no Jornal Gazeta Regional, edição 307, novembro de 2019.
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