quinta-feira, 12 de junho de 2014

Na Copa vai ter Luta



   Hoje, dia da abertura da Copa no Brasil. Não disponho de R$ 990,00 para o ingresso da abertura. Mesmo se tivesse, investiria em coisa melhor, do que engordar os cofres da FIFA – uma empresa sediada num paraíso fiscal que também não pagará imposto no Brasil.
    Fui ao ato contra a Copa realizado no Sindicato dos Metroviários. Estes trabalhadores, numa greve heroica em defesa do transporte público de qualidade, foram atacados pela Justiça do Trabalho (multa) e pelo governador autoritário Geraldo Alckmin (42 demissões).  O prédio do TRT é o mesmo que foi superfaturado por juiz (e mais outros); enquanto o governador e seu partido estão sob investigação do Ministério público, num suposto superfaturamento de obras e equipamentos nos trens e metrôs de São Paulo, e o recebimento de propina de grandes fornecedores.
   No caminho entre a estação do metrô Tatuapé e o local do ato público, havia muitas viaturas, motos e um destacamento da tropa de choque debaixo de um viaduto. Para entrar na rua havia um cordão da tropa de choque, além de vários quarteirões no entorno do sindicato, cercados pela polícia.
   Entre as muitas faixas e bandeiras, havia uma que tinha os dizeres “Terrorista é a FIFA”, com fotos dos trabalhadores mortos em acidentes de trabalho nas obras dos estádios para a copa (apenas no Itaquerão foram três mortos). Os faixas reivindicavam a readmissão dos 42 trabalhadores demitidos sumariamente durante a greve dos metroviários. O ato reuniu por volta de mil pessoas.
    Estávamos cercados pela polícia que impediu a saída da manifestação. Em um dos bloqueios a polícia começou a jogar bombas de efeito moral (solta gás e explode) e disparar balas de borracha. Fotografei um cinegrafista do SBT com um capacete um colete a prova de balas, traje da imprensa em guerras. A direção do ato tomou a decisão de chamar os manifestantes para entrar no sindicato, para separar o grupo dos provocadores infiltrados. Depois que quase duas horas sitiados no sindicato, inclusive pela cavalaria, e com alguns feridos, além do cheiro de gás pudemos sair.
   Nas ruas próximas recolhi o que chamo de “suvenirs da copa”: fragmentos de bombas de efeito moral (nome oficial: Granada Efeito Moral) e de gás lacrimogêneo (Granada Lacrimogênea) e um cartucho de bala de borracha.
   No decorrer das horas o governo fechou as estações do metrô Carrão, Belém e Tatuapé, com a desculpa esfarrapada de que havia protestos. No dia 6 de junho o governo mandou fechar e estação de trem Itaquera, mas não havia greve dos ferroviários. Enquanto que na greve os metroviários sofreram punições o governo autoritário conta com silêncio cúmplice da Justiça.
   No trajeto entre as estações metrô Tatuapé e Itaquera, os vagões estavam cheios, a maioria vestidos de verde e amarelo e alguns de branco e vermelho; a imensa maioria eram brancos e bem alimentados. Tentei trocar umas palavras com um croata, gostaria de perguntar o que achava do país e do que tinha visto no trajeto até Itaquera, mas o mesmo disse que não falava português. No trem até Guaianases, que estava cheio, havia pardos, negros e brancos, jovens e idosos; poucas pessoas vestiam verde e amarelo.

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