Sobre o passado de Itaquaquecetuba, sabemos que por vários
séculos foi um aldeamento indígena. A tradição oficial que afirma que, em 1560,
o padre jesuíta José de Anchieta fundou Itaquaquecetuba. Porém, não há
documentação que sustente tal fato. Que os jesuítas andaram pela região, é
fato. Numa de suas cartas Anchieta afirma, em 1587, que a partir da vila de São
Paulo visitavam as aldeias de São Miguel e a Nossa Senhora dos Pinheiros.
Mogi das Cruzes teria sido fundada por Brás Cubas, em 1560. Através
de pesquisas Isaac Grinberg demonstrou no seu livro “Gaspar Vaz fundador de
Mogi das Cruzes” (1980), que a região de Mogi começou a ser povoada por colonos
por volta de 1600. O ato oficial de elevação de Mogi à vila ocorreu em 1º de
setembro de 1611.
Vários moradores de Mogi solicitaram a concessão de terras
(sesmarias) ao governo da capitania de São Vicente. Entre eles estava o padre
João Álvares. Na sua solicitação,
atendida em março de 1610, declarou ser natural da vila de São Paulo, filho e
neto de conquistadores da capitania, assistia e morava no Boigi Miri (Mogi das
Cruzes). A terra solicitada para “suas milharada”, dizia estar devoluta (sem
ocupação). A lei previa que a sesmaria deveria ser ocupada para ser confirmada.
Em 1635, no pedido de confirmação o padre João Álvares diz ter uma fazenda na
paragem que chamam Taquaquecetiba.
O padre João Álvares participou de várias expedições (que
são chamadas de Bandeiras) organizadas pelos colonos, que tinham por objetivo capturar
escravizar índios no sertão, como era chamado o interior na época. Como
retribuição de sua participação como capelão de bandeira, recebia sua parte em
índios. Itaquaquecetuba era uma fazenda particular do padre João Álvares que
contava com mão de obra indígena sob sua administração. O padre foi vigário da
vila de São Paulo e provedor da Santa Casa de Misericórdia da mesma vila.
Parte do antigo Convento dos Jesuítas e a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em 1905 (Museu Municipal de Itaquaquecetuba) |
Por volta de 1624, a Capela de Nossa Senhora da Ajuda estava
concluída. Foi construída com o trabalho dos índios sob “administração”
particular, termo utilizado na documentação da época para encobrir a escravidão
indígena, considerada ilegal.
O Padre Simon Maceta, em 1630, afirmou que entre os
bandeirantes da vila de São Paulo que atacaram as Missões dos Jesuítas
espanhóis, estava uma companhia de escravos índios, tendo como capitão um índio
da casa do clérigo Juan Alvares, vigário e cura desta vila.
Em 1670, a Capela do padre João Álvares já estava na posse
dos padres da Companhia de Jesus, os jesuítas; que por sua vez, costumavam
chamar de Aldeia da Capela. Não foi
encontrado o testamento do padre. Há indícios de que a transferência não foi pacífica,
envolvendo um conflito com os padres Beneditinos.
Cláudio Sousa
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