terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Itaquaquecetuba pelo Telefone



A criação de um aparelho que permitisse a transmissão da voz humana envolveu um grande número de inventores em diversos países. Destas invenções surgiram o rádio e o telefone.

Em 1876, o Imperador D. Pedro II experimentou o telefone aperfeiçoado por Alexander Graham Bell, apresentado na Exposição Universal de 1876, da Filadélfia (EUA). Pedro II tinha interesse no encontro com Graham Bell que era professor de crianças surdas-mudas.

Entre os inventores estão o padre Roberto Landell de Moura, que em 1893 transmitiu sinais e sons musicais a uma distância de oito quilômetros, entre a Avenida Paulista e o alto de Santana, na cidade de São Paulo, num sistema de telefonia sem fios. Landell de Moura foi pároco em Mogi das Cruzes entre fevereiro de 1906 e abril de 1907.

A primeira referência ao sistema de telefonia em Itaquaquecetuba foi publicada no jornal “O Estado de São Paulo”, em 1909: “A companhia telephonica Pindamonhangabense, brevemente, porá as cidade de Santa Izabel, Mogy das Cruzes e as localidade de Conceição dos Guarulhos, Bom Sucesso, Arujá, Itaquaquecetuba e estação de Poá em comunicação com a capital.”, há uma imprecisão na nota, o correto é Companhia Telephonica Bragantina. Mas o fato não se concretizou. 
O “Correio Paulistano” de 22 de fevereiro de 1913 informa que a Companhia Telephonica Bragantina havia alugado um prédio em Mogi das Cruzes para a instalação da estação telefônica: “Dentro de alguns dias estaremos dotados de mais esse importante melhoramento”.

Em 6 de maio de 1913, o Estadão publica nas notas de Itaquaquecetuba que “Espera-se com acrysolado interesse a ligação telephonica desta povoação a Mogy das Cruzes, sede do município”. Todas as evidências indicam o ano de 1913, para a instalação do sistema de telefonia em Itaquaquecetuba e no Alto Tietê.



Central Telefônica ou Mesa Operadora 
na qual trabalhou a telefonista
Dolores Cristina até 1974, 
atendendo 14 assinantes. 
Museu Municipal de Itaquaquecetuba
Durante 52 anos Dolores Cristina foi a telefonista de Itaquaquecetuba. Nascida em 5 de outubro de 1901, seus pais foram Pedro Rodrigues e Christina Maria de Jesus. Assumiu o posto em 1922, no lugar de Marcelino Eugênio de Lima. Até 1960 só havia uma linha telefônica ligada num aparelho Kellogg. De 1960 a 1974, a central telefônica ou mesa operadora contava com 14 drops (chapinhas), para 14 ligações, do sistema magneto (movido a manivela), atendia 14 assinantes.

 “Itaquaquecetuba, o passado do telefone” foi o título da reportagem do Estadão. Com trinta mil habitantes, a cidade contava com 14 aparelhos telefônicos à manivela. O novo sistema de telefonia entrou em funcionamento à 11 horas do dia 8 de setembro de 1974, nesta data a CTBC (Companhia Telefônica Borda do Campo, subsidiária da TELESP) inaugurou 400 telefones automáticos. Com o Plano de Expansão 75-76, foram instalados 1200 telefones durante o ano de 1976, contando o município com 1600 terminais no final daquele ano.

A partir de 1972 a Telesp iniciou a instalação de telefones públicos pelas cidades, os chamados “Orelhões”. Em 1981, não havia telefone público nos bairros de Itaquaquecetuba. Numa fotografia do mesmo ano, diz a legenda: “Jovens estudantes em um entre centenas de orelhões no estado - Itaquaquecetuba, São Paulo, 1981”, o orelhão da foto está na entrada da central telefônica.

Em 1975 a prefeitura doou à TELESP (Telecomunicações do Estado de São Paulo) para a construção da Estação Telefônica Automática (Lei 601/75), uma área de 2.902,54m² localizada na esquina entre as avenidas Ítalo Adami e Uberaba, próximo da estação de trem.

Em 1998 o Sistema Telebrás foi privatizado, na maior onda de saque ao patrimônio estatal. Na composição do patrimônio das empresas estatais privatizadas estão os chamados “bens reversíveis”, que devem ser entregues ao Estado, pelas concessionárias de serviço público, findo o prazo de concessão. De acordo com o artigo 2º da Lei 601/75: “O imóvel doado reverterá ao patrimônio Municipal, se por qualquer motivo não forem cumpridas as formalidades da doação”. O prédio não tem mais o uso a que se destinou, devendo a municipalidade reavê-lo antes que seja alienado pela companhia espanhola Telefônica S. A.
Cláudio Sousa