quinta-feira, 27 de outubro de 2016

João, Osória e Jandira



Há poucos dias vi a fotografia compartilhada numa rede social. As únicas informações eram: "Pessoal, a foto com Vô João, Vó Osória e Tia Jandira que eu tinha falado para vocês" Diana Yatiyo. Logo depois foi compartilhada por João Seleção, que acrescentou: "...este senhor que nomina a rua da Escola Homero...João Barbosa de Moraes...simpático né?....". Minha hipótese foi confirmada: tratava-se do avô do João Seleção, o negociante João Barbosa de Moraes (1882-1951). O nome da esposa com olhar atento é Osória Izolina de Moraes; carrega nos braços a filha de poucos meses Jandyra Apparecida.
Buscando estabelecer a data da foto, procuramos nos Assentos de Batismos da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda de Itaquaquecetuba. Por meio de seu neto, ficamos sabendo que João Barbosa de Moraes havia nascido em Itaquaquecetuba. Durante muito tempo o principal registro era o assento de batismo. Localizamos e transcrevemos o assento de batismo de Jandira, datado de 5/12/1909:

Jandyra Apparecida
Aos cinco de Dezembro de mil novecentos e nove
nesta Matriz baptizei a Jandyra Apparecida, nasci-
da aos doze de Abril do corrente anno, filha
legitima de João Barbosa de Moraes e de Ozoria
Isolina de Moraes sendo Padrinho: Carlos Ale-
xandrinho de Moraes e Madrinha: Maria Barbosa
de Araujo.
            Pelo Vigario: Padre José Francisco Wand CssR

Cláudio Sousa - Historiador

quinta-feira, 19 de maio de 2016

1977: Câmara votou cassação de Prefeito



Num documento, datado de 29 de setembro de 1977, o Serviço de Informações do DOPS registra que, no dia anterior havia sido realizada uma reunião na Câmara Municipal de Itaquaquecetuba. A pauta foi a cassação do mandato do Prefeito Benedito Barbosa de Moraes, conhecido por Gibi, eleito pelo MDB. A Sessão da Câmara foi concorrida, contando com a presença do delegado de polícia, policiais civis e militares armados. Por seis votos contra 5, o prefeito não foi cassado, “como antes havia sido previsto”. 
 
APESP DOPS

De acordo com o órgão policial, autor do documento, era dada como certa a cassação do prefeito. Um outro documento registra  ter havido uma reunião dos vereadores da ARENA (partido do governo militar) e alguns vereadores do MDB (partido de oposição ao governo militar), no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo do estado), que decidiu pela cassação do prefeito Gibi. Ou seja, a conspiração era de conhecimento dos órgãos de segurança. Mas, na última hora, dois vereadores do MDB mudaram seus votos.


Fonte:

Arquivo Público do Estado de São Paulo

DOPS 50Z-781-545

Cláudio Sousa - historiador

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

125 anos da Estação de Poá



No dia 1º de março a Estação de Poá completa 125 anos de sua abertura “ao trafego de passageiros, mercadorias, encommendas e telegrammas”, conforme noticiou o jornal Correio Paulistano, de 1º de março de 1891. Estava localizada entre as estações do Lageado (atual Guaianases) e Guayó (atual Suzano).
Correio Paulistano 1º/03/1891


Poá fazia parte da Freguesia e depois Distrito de Itaquaquecetuba, pertencente a Mogi das Cruzes. Lá se encontravam as duas estradas que partiam da capital até Mogi. Uma vinha pelo Sítio da Casa Pintada (Itaquera) e Tanquinho (Ferraz de Vasconcelos). A outra passava por São Miguel e Itaquaquecetuba.


Com a abertura da Estrada de Ferro entre São Paulo e Mogi das Cruzes, em 1877, foi construída a estação do Lageado, na metade do caminho. Neste mesmo ano foi produzido um abaixo assinado subscrito por moradores de Itaquaquecetuba, Arujá e Santa Isabel, acolhido e encaminhado pela Câmara Muncipal de Mogi das Cruzes, reivindicando a mudança da estação do Lageado para o “Apoá”, localidade muito mais próxima, para o embarque de produtos para a capital. Porém, tal solicitação não foi atendida.


Há uma fotografia da estação de Poá, datada de 1904. Posando para a foto há um grupos de pessoas, entre viajantes e funcionários da estação. Entre as pessoas estão o major Firmino Augusto de Godoy, sua esposa Ana Cândida de Brito, sua sogra, cunhadas e cunhados, além das duas filhas adotivas do casal.
Estação de Poá, 1904


 Da esquerda da para a direita, em pé esta um dos irmãos de Ana Cândida de Brito, o major Firmino Augusto de Godoy, o amigo da família Joaquim, as filhas adotivas Laura e Dulce, um homem não identificado, com um violão o outro irmão, e os funcionários da estação. Sentadas: Ana Cândida de Brito (com um lenço no pescoço e cinto), suas duas irmãs, sua mãe (de preto) e seu irmão. Cada um dos irmãos de Ana Cândida está segurando um violão. Uma das irmãs era Teresa Augusta Brito.



Agência do Correio de Itaquaquecetuba, 1904
Os viajantes se dirigiram para Itaquaquecetuba, para visitar o português Sebastião Ferreira dos Santos, Agente do Correio. Há uma fotografia da comitiva em frente a casa do agente, local em que na década de 1950 se instalou a primeira prefeitura, depois o Fórum e atualmente abriga o Museu Municipal de Itaquaquecetuba. A terceira fotografia mostra algumas destas pessoas em frente a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, antes da reforma que demoliu o convento dos jesuítas e modificou a fachada, dando-lhe o aspecto atual.


O vínculo entre as famílias deve ter surgido de uma ligação profissional. Sebastião Ferreira dos Santos foi o Agente do Correio de Itaquaquecetuba de 1895 a 1906. O major Firmino foi Agente do Correio da estação da Luz. Em 1886, Ana Cândida foi nomeada Agente do Correio da estação do Brás, sendo uma das primeiras mulheres a ser nomeada para o cargo. O casal Firmino e Ana Cândida batizaram vários filhos de Sebastião e Francisca de Paula Ferreira. Dentre eles foi batizada Hercília, que contava com três anos na época da foto, mãe do escritor Renato Ignacio da Silva.



Bibliografia 
Hemeroteca Digital Brasileira
Jornal Correio Paulistano
Jornal Notícias de Poá 27/04/2013 
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Acervo do Filatelista João Roberto Baylongue
 
Cláudio Soares de Sousa