quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Cinemas de Itaquaquecetuba



A projeção de 24 fotogramas por segundo permitiu criar a ilusão de imagens em movimento. Assim surgiu o cinema. Os pioneiros foram os Irmão Lumiére, na França, tendo realizado a primeira projeção pública em 1895.
No filme “Cinema, Aspirina e Urubus”, um alemão viaja num caminhão pelo interior do Nordeste, em 1942, fazendo projeções de filme e divulgando a aspirina, medicamento produzido pela empresa alemã Bayer. É possível que filmes tenham sido projetados em Itaquaquecetuba, bem antes da instalação de um cinema na cidade.
O Cine Ideal foi o primeiro Cinema de Itaquaquecetuba, instalado em 1943 na rua da Fábrica s/nº (atual rua João Vagnotti). Propriedade da firma Vagnotti & Petroni Ltda, com sede no distrito de Itaquaquecetuba, município de Mogi das Cruzes. Os sócios no empreendimento foram Hyppolito Carlos Vagnotti e Menotti Petroni. O Cide Ideal ocupou a sede do Clube Recreativo de Itaquá. Durante muitos anos o local onde funcionou o cinema foi a sede social do Bandeirantes Atlético Clube. O nome Rua da Fábrica é uma referência a Fábrica Irmãos Vagnotti & Cia., instalada em 1940.

Em suas memórias Vagnotti diz que a sociedade não completou um ano, tendo dado continuidade ao cinema por mais um ano, tendo passado a Felix Niedhart, que por sua vez tocou o empreendimento por mais um ano até repassá-lo a João Albino. O empreendimento recebeu o nome de  Cine Central, de  acordo com o requerimento à prefeitura de Mogi das Cruzes, datado de 28 de janeiro de 1946.
Depois de vários donos e com problemas no prédio, identificados numa vistoria que o interditou, o cinema foi fechado. Como o prédio era de João Albino, Vagnotti juntamente com Adélia Riechelmann tomou a decisão de construir um prédio para o cinema, na rua Capitão José Leite. Em fins de 1952, uma revista de cinema publicou uma nota sobre a construção do futuro Cine Tupi.
Rua Capitão José Leite - Cine Tupi (à esquerda), 1953 (IBGE)
O Cine Tupi iniciou suas atividade em 1953, ano marcado pela realização do Plebiscito que aprovou a Emancipação política de Itaquaquecetuba (elevação a município). Na programação de 22 a 27 de dezembro de 1953, os seguintes filmes seriam exibidos: O Abismo do Deserto, Sempre Jovem, Album de Recordações (Disney), O Corcunda de Notre Dame (com Charles Laughton), Abbot e Costello na Legião Estrangeira e Reinado do Crime. O Cine Tupi exibiu o filme Sinhá Moça, com cenas gravadas na ponte do rio Tietê, tendo gente local participado como figurante.
Cine Tupi (Sidney Barbosa/ Laércio Laera)


Em 1949, Humberto Adami solicita vistoria para a instação de um cinema na Fábrica Italo Admi S. A., obtendo autorização para funcionamento a título precário “levando em consideração que se trata de uma casa de diversão, quasi que sómente para os empregados da Industria requerente”. A fábrica foi instalada no bairro do Morro Branco  em 1940.
Muitos anos depois, o Cine Tupi foi renomeado para Cine Taquá, administrado pela Empresa Cinematográfica Avenida Ltda, de Mogi das Cruzes. Em 29 de janeiro de 1984 foi realizada a última sessão de cinema. Assim foi fechado o único cinema de Itaquaquecetuba. Na década de 1990, ocorrem algumas iniciativas para reabrir o chamado Cine Teatro, mas não obtiveram êxito.
Itaquaquecetuba voltou a ter cinema no dia 2 de julho de 2015, com a chegada do circuito multiplex. Curiosamente o cinema está instalado no Shopping Pateo Itaquá, construído no mesmo local onde funcionou a Fábrica Italo Adami, que em 1949 abrigou uma sala de cinema.
Fontes: Arquivo Histórico de Mogi das Cruzes
Hyppolito Carlos Vagnotti. Relato sobre Itaquaquecetuba, São Paulo: Pannartz, 1987.
Revista Cine Reporter - Semanário Cinematográfico, 20/12/1952.