domingo, 22 de junho de 2014

Rua Capitão José Leite (1945)


 Fotografia da Rua Capitão José Leite, publicada em 1945 por Aroldo de Azevedo na tese “Os Subúrbios Orientais de São Paulo”, a cadeira de Geografia do Brasil da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP; na qual o sexto capítulo foi intitulado “A região de Itaquaquecetuba e Poá”. Um estudo pioneiro estudo sobre a região.Na legenda da foto o autor escreveu: “a principal rua de Itaquaquecetuba, onde concentra-se o comércio”.

Nesta época, Itaquaquecetuba era distrito de Mogi das Cruzes. Até 1909, a rua era chamada Rua do Quartel, quando foi renomeada Rua Capitão José Leite, em homenagem a um importante proprietário e chefe político local, através de lei aprovada pelos vereadores de Mogi das Cruzes.
Nota publicada no Estadão em 29/09/1909
No lado direito da fotografia está o imóvel que faz esquina com a Praça Padre João Álvares, outrora funcionou ali o “Armazém de Nossa Senhora da Ajuda – Secos e Molhados”, e em época recente foi a Lanchonete Gato Preto, hoje é uma loja de artigos para surf. No lado esquerdo é possível ler “Bar e Café São Paulo”, ao lado de um armazém maior de propriedade da família Deliberato.

Aroldo de Azevedo descreveu o que viu: “Hoje [1945], quando se percorre Itaquaquecetuba, tem-se a sensação exata de estar em uma dessas pequeninas cidades de nosso interior. A velha matriz de Nossa Senhora da Ajuda, por diversas vezes reformada, ergue-se num dos ângulos do pequenino largo arborizado, no alto da colina, olhando para a várzea do Tietê. Dêle sai a rua em que se concentra o comércio, de modestas proporções. Para os lados, mais duas ou três ruas. E é só.

O geógrafo Aroldo de Azevedo possuiu um sítio na Estrada do Corredor. O original da tese, datilografado e com anotações à mão, esteve por vários anos exposto no Museu Municipal, sendo do acervo do Sr. Ângelo Guglielmo; pessoa de vasta cultura, que tivemos o prazer de conversar e consultar o acervo.

sábado, 21 de junho de 2014

Sinhá Moça (1953)

Cena do filme Sinhá Moça (1953) filmada em Itaquaquecetuba, na ponte sobre o rio Tietê.


Cia. Vera Cruz. Direção: Tom Payne e Oswaldo Sampaio.
DVD Cinemagia.

domingo, 15 de junho de 2014

Cafu jogou no Itaquaquecetuba A. C.


Bandeirantes A. C., 1980 (foto postada por Bene Lopes)

Muitos times existiram e outros continuam em atividade no futebol amador de Itaquaquecetuba, a chamada várzea: Aracaré F. C., Bandeirantes A. C., Portuguesa, Vasco da Gama, Brasão, Ferroviária, Americanos, Uberaba, Olaria, Floresta, Flamengo, Rio Verde, Luso-Brasileiro, São Carlos, Jardim do Carmo, Amanda Caiuby, Monte belo, Juventus.
A profissionalização (ou semi) foi alcançada pelo “Itaquaquecetuba Atlético Clube” (IAC), fundado em 1980. Em 1986, o IAC estreou na terceira divisão do Campeonato Paulista de Futebol. Ano marcado pelo inchaço do campeonato (com 77 clubes), por motivos políticos; pois os dirigentes do futebol José Maria Marin e Nabi Abi Chedid seriam candidatos a cargos parlamentares. Com dificuldades financeiras, o IAC jogou até o ano 2000.
O jogador Cafu foi revelado pelo IAC, depois de ser reprovado em vários testes. Jogou entre 1986 e 1987. Outro jogador revelado foi o zagueiro Gilmar dos Santos, que vestiu a camisa do IAC entre 1984 e 1987. Teve ainda o Ademir, que foi para o Marília.
Gilmar e Cafu no SPFC, 1994
(Crédito: Jiro Mochizuki/Revista Placar)
Sobre estes tempos Gilmar relatou:

“Tinha dias que eu e o Cafu dividíamos um pão com banana e tínhamos que fazer proezas para conseguir dinheiro para pagar a passagem”.

Jogando no São Paulo F. C., em depoimento ao Museu da Pessoa, Cafu conta:

“do Nacional eu fui para o Itaquaquecetuba, time da terceira divisão, e por incrível que pareça foi um dos times em que eu mais gostei de jogar, claro que depois do São Paulo. Era um time onde só tinha jogador simples, humildes, que não tinham nem condições para pagar uma condução, o ônibus ou o próprio trem, e a gente descia muito pelo lado do trem, passava por baixo da catraca do ônibus porque não tínhamos dinheiro para treinar. E fizemos uma amizade muito boa de pessoas que são na maior parte simples, iguais a mim.”

Cláudio Sousa

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Na Copa vai ter Luta



   Hoje, dia da abertura da Copa no Brasil. Não disponho de R$ 990,00 para o ingresso da abertura. Mesmo se tivesse, investiria em coisa melhor, do que engordar os cofres da FIFA – uma empresa sediada num paraíso fiscal que também não pagará imposto no Brasil.
    Fui ao ato contra a Copa realizado no Sindicato dos Metroviários. Estes trabalhadores, numa greve heroica em defesa do transporte público de qualidade, foram atacados pela Justiça do Trabalho (multa) e pelo governador autoritário Geraldo Alckmin (42 demissões).  O prédio do TRT é o mesmo que foi superfaturado por juiz (e mais outros); enquanto o governador e seu partido estão sob investigação do Ministério público, num suposto superfaturamento de obras e equipamentos nos trens e metrôs de São Paulo, e o recebimento de propina de grandes fornecedores.
   No caminho entre a estação do metrô Tatuapé e o local do ato público, havia muitas viaturas, motos e um destacamento da tropa de choque debaixo de um viaduto. Para entrar na rua havia um cordão da tropa de choque, além de vários quarteirões no entorno do sindicato, cercados pela polícia.
   Entre as muitas faixas e bandeiras, havia uma que tinha os dizeres “Terrorista é a FIFA”, com fotos dos trabalhadores mortos em acidentes de trabalho nas obras dos estádios para a copa (apenas no Itaquerão foram três mortos). Os faixas reivindicavam a readmissão dos 42 trabalhadores demitidos sumariamente durante a greve dos metroviários. O ato reuniu por volta de mil pessoas.
    Estávamos cercados pela polícia que impediu a saída da manifestação. Em um dos bloqueios a polícia começou a jogar bombas de efeito moral (solta gás e explode) e disparar balas de borracha. Fotografei um cinegrafista do SBT com um capacete um colete a prova de balas, traje da imprensa em guerras. A direção do ato tomou a decisão de chamar os manifestantes para entrar no sindicato, para separar o grupo dos provocadores infiltrados. Depois que quase duas horas sitiados no sindicato, inclusive pela cavalaria, e com alguns feridos, além do cheiro de gás pudemos sair.
   Nas ruas próximas recolhi o que chamo de “suvenirs da copa”: fragmentos de bombas de efeito moral (nome oficial: Granada Efeito Moral) e de gás lacrimogêneo (Granada Lacrimogênea) e um cartucho de bala de borracha.
   No decorrer das horas o governo fechou as estações do metrô Carrão, Belém e Tatuapé, com a desculpa esfarrapada de que havia protestos. No dia 6 de junho o governo mandou fechar e estação de trem Itaquera, mas não havia greve dos ferroviários. Enquanto que na greve os metroviários sofreram punições o governo autoritário conta com silêncio cúmplice da Justiça.
   No trajeto entre as estações metrô Tatuapé e Itaquera, os vagões estavam cheios, a maioria vestidos de verde e amarelo e alguns de branco e vermelho; a imensa maioria eram brancos e bem alimentados. Tentei trocar umas palavras com um croata, gostaria de perguntar o que achava do país e do que tinha visto no trajeto até Itaquera, mas o mesmo disse que não falava português. No trem até Guaianases, que estava cheio, havia pardos, negros e brancos, jovens e idosos; poucas pessoas vestiam verde e amarelo.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Sinhá Moça



  A ponte sobre o rio Tietê, em Itaquaquecetuba, foi a locação escolhida pelos produtores do filme Sinhá Moça, lançado pela companhia Vera Cruz em 1953, com direção de Tom Payne e distribuído pela Columbia Pictures.

  Um grupo de homens e mulheres escravizados empreende fuga de uma fazenda, no caminho ao chegar a ponte se deparam com uma unidade de cavalaria do exército, cuja ordem é impedir que os fugitivos atravessassem a ponte.

  No fim da travessia do rio vemos a atriz Ruth de Souza com uma criança nos braços. A cena dura dois minutos. Vemos a ponte de madeira e os pedaços de madeira de outra ponte que existiu naquele trecho do rio.

  A primeira vez que ouvi falar sobre o filme foi através do senhor Carlos Barbosa, que lembrava que o pessoal de Itaquá ia até a Ladeira para assistir as filmagens.

  O roteiro do filme foi adaptado do romance homônimo de Maria Dezonne Pacheco Fernandes, publicado em 1950. A história se passa por volta de 1850, retrata a história de amor da rica Sinhá Moça (Eliane Lage) - filha de escravocrata - com o advogado abolicionista Rodolfo Fontes (Anselmo Duarte).

  Em uma adaptação do romance para a televisão, em 2006, a Rede Globo foi questionada num inquérito civil pelo Ministério Público do Bahia, sob o argumento de que a novela retratava os negros como pessoas passivas, dependentes de heróis brancos, omitindo o passado de lutas do povo negro.

  O discurso cinematográfico carrega o discurso e os valores de sua época.