quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Kakunosuke Hasegawa não morou em Itaquaquecetuba


Os moradores de Itaquaquecetuba, principalmente da região do Corredor, já ouviram falar ou conhecem a “Escola Estadual Kakunosuke Hasegawa”, carinhosamente chamada de “Kaku”, localizada no Jardim Paineira. O que pouca gente sabe é que o patrono da escola não morou em Itaquaquecetuba.

A “Escola Estadual de Primeiro Grau (Agrupada) do Bairro do Rio Abaixo” foi criada pelo Decreto 16.937, de 24 de abril de 1981, com efeito retroativo a 23 de fevereiro daquele ano. Contava com classes de 1º a 4º série do ensino primário. Em 15 de setembro de 1981, o deputado estadual do PDS Mauricio Najar (1934-2001) apresentou na Assembleia Legislativa de São Paulo o Projeto de Lei nº 417, de acordo com seu “Artigo 1º - passa a denominar-se “Kakunosuke Hasegawa” a Escola Estadual de 1º Grau do Bairro do Rio Abaixo – Agrupamento, no Município de Itaquaquecetuba”.

A Justificativa do deputado afirmava tratar-se de “homenagear a saudosa figura de Kakunosuke Hasegawa que, nascido em 1897, em Nihari Mati, Ibaraki, Japão, veio para o Brasil em 1931 como imigrante. (...) em outubro de 1932 que esse imigrante veio se fixar em Suzano, no bairro do Rio Abaixo, onde adquiriu uma propriedade rural, passando a dedicar-se à agricultura”. Tendo construído uma casa que serviu de escola, contratando uma professora para ensinar português e japonês. Em 1939, com a colônia japonesa construiu um edifício no qual foi instalada a Escola Mista Granja Odete. A escola foi fechada com a Guerra, sendo reaberta por Kakunosuke que contratou uma professora, um cocheiro e comprou uma carroça para ir buscá-la em Suzano, durante dez anos. Novamente com apoio da colônia japonesa construiu em 1954 o Grupo Escolar Boa Vista, no bairro do mesmo nome, no município de Suzano. Kakunosuke Hasegawa faleceu em 15 de janeiro de 1975 (D.O.E., Seç. I, 17/09/1981, p 45).
 
Registro de Estrangeiros, imagem disponibilizada em: https://www.familysearch.org
No município de Suzano, nas proximidades do rio Tietê, há um bairro com a denominação Rio Abaixo. O projeto tramitou pelas comissões de Constituição e Justiça e de Educação, sem que fosse percebida a incoerência. Aprovado em plenário foi sancionada a Lei nº 3257, de 30 de março de 1982, pelo governador Paulo Maluf, nomeado pela ditadura.
Cláudio Sousa

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Itaquaquecetuba: 458 ou 408 anos?


  Sobre o passado de Itaquaquecetuba, sabemos que por vários séculos foi um aldeamento indígena. A tradição oficial que afirma que, em 1560, o padre jesuíta José de Anchieta fundou Itaquaquecetuba. Porém, não há documentação que sustente tal fato. Que os jesuítas andaram pela região, é fato. Numa de suas cartas Anchieta afirma, em 1587, que a partir da vila de São Paulo visitavam as aldeias de São Miguel e a Nossa Senhora dos Pinheiros.
  Mogi das Cruzes teria sido fundada por Brás Cubas, em 1560. Através de pesquisas Isaac Grinberg demonstrou no seu livro “Gaspar Vaz fundador de Mogi das Cruzes” (1980), que a região de Mogi começou a ser povoada por colonos por volta de 1600. O ato oficial de elevação de Mogi à vila ocorreu em 1º de setembro de 1611.
  Vários moradores de Mogi solicitaram a concessão de terras (sesmarias) ao governo da capitania de São Vicente. Entre eles estava o padre João Álvares.  Na sua solicitação, atendida em março de 1610, declarou ser natural da vila de São Paulo, filho e neto de conquistadores da capitania, assistia e morava no Boigi Miri (Mogi das Cruzes). A terra solicitada para “suas milharada”, dizia estar devoluta (sem ocupação). A lei previa que a sesmaria deveria ser ocupada para ser confirmada. Em 1635, no pedido de confirmação o padre João Álvares diz ter uma fazenda na paragem que chamam Taquaquecetiba.
  O padre João Álvares participou de várias expedições (que são chamadas de Bandeiras) organizadas pelos colonos, que tinham por objetivo capturar escravizar índios no sertão, como era chamado o interior na época. Como retribuição de sua participação como capelão de bandeira, recebia sua parte em índios. Itaquaquecetuba era uma fazenda particular do padre João Álvares que contava com mão de obra indígena sob sua administração. O padre foi vigário da vila de São Paulo e provedor da Santa Casa de Misericórdia da mesma vila.
Parte do antigo Convento dos Jesuítas e a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em 1905
(Museu Municipal de Itaquaquecetuba)
  Por volta de 1624, a Capela de Nossa Senhora da Ajuda estava concluída. Foi construída com o trabalho dos índios sob “administração” particular, termo utilizado na documentação da época para encobrir a escravidão indígena, considerada ilegal.
  O Padre Simon Maceta, em 1630, afirmou que entre os bandeirantes da vila de São Paulo que atacaram as Missões dos Jesuítas espanhóis, estava uma companhia de escravos índios, tendo como capitão um índio da casa do clérigo Juan Alvares, vigário e cura desta vila.
  Em 1670, a Capela do padre João Álvares já estava na posse dos padres da Companhia de Jesus, os jesuítas; que por sua vez, costumavam chamar de Aldeia da Capela. Não foi encontrado o testamento do padre. Há indícios de que a transferência não foi pacífica, envolvendo um conflito com os padres Beneditinos.
Cláudio Sousa

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Servidores em Luta!


Dia 3 de abril de 2018 entrará para a História de Itaquaquecetuba. Neste dia 1500 servidores públicos do município, na frente da Prefeitura, em Assembleia convocada pelo sindicato da categoria, decretaram o início da Greve. Esta é maior grave do funcionalismo municipal. Entre as reivindicações está o reajuste salarial. Também reivindica-se melhores condições de trabalho.




Os servidores, em sua grande maioria professores da rede municipal, além de profissionais da saúde, percorreram as ruas da cidade e retornaram à Prefeitura, permanecendo o dia todo. O prefeito Mamoro Nakashima, do PSDB recebeu uma comissão, sem apresentar nenhuma proposta, apenas afirmou que o dia 3 seria pago; procurando encerrar o movimento.

No segundo dia houve manifestação e Assembleia. No terceiro dia da Greve, 5 de abril, a manifestação contou com a participação de 2000 servidores. Depois da concentração na Prefeitura, debaixo do Sol da manhã, caminharam até a Secretaria de Educação, próximo ao hospital Santa Marcelina. Mais da metade das 96 escolas estão com índices de paralisação superior a 90%.

O dissídio foi ajuizado junto a Tribunal de Justiça de São Paulo, que marcou audiência de conciliação para a próxima quinta feira, dia 12 de abril.

Enquanto isso, a greve continua!

Pelo Brasil afora, os servidores públicos, principalmente o magistério tem lutado contra a política de arrocho salarial e os ataques dos governos. No estado do Amazonas há greve na Educação estadual e municipal. Houve greve no estado de Minas Gerais. No município de São Paulo, entre os dias 8 e 27 de março os Profissionais de Educação, encabeçados pelo Sinpeem, e com os demais servidores, mesmo sofrendo atos de violência na Câmara Municipal, derrotaram o projeto de Reforma da Previdência (Sampaprev) de João Dória Jr., do PSDB; o movimento chegou a reunir 100 mil pessoas.

https://globoplay.globo.com/v/6639429/

https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/em-mais-um-dia-de-greve-funcionarios-publicos-de-itaquaquecetuba-fazem-manifestacao.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-smart&utm_campaign=share-bar