domingo, 6 de dezembro de 2020

Itaquaquecetuba há 30 anos

 No dia 8 de abril de 1989 uma equipe da TV Cultura de São Paulo visitou a cidade de Itaquaquecetuba para gravar um programa da série “A Cidade faz o Show”. O palco principal foi a Praça Padre João Álvares. Neste dia ensolarado, a praça estava cheia e os repórteres Eliana Costa e Júlio Lerner conversaram com a população e registraram as manifestações da cultura local.

O serviço de Alto Falantes anuncia as atrações. Um raro registro é o da Festa de Santa Cruz na frente de Igreja. Violeiros a frente, seguidos de duas colunas de dançantes, que batem os pés formando dois círculos. O mineiro José Marinho Ferreira apresenta o “Bumba Meu Boi”: “Eu vim aqui pra dar um passeio [em 1948] e fiquei aqui trabalhando.” Os repentistas Bentinho e Agapito cantam “Sou um moleque feliz morando em Itaquá / As festas do mês de abril, todo mundo vai gostar”.

O chafariz é o local da apresentação da Banda Olho D’Água cantando a música “Divindade”. No Coreto em forma de cogumelo (demolido em 2017), a Banda “Régis e seu Regional” apresenta o forró “Chililique”. O escultor chileno Marcelo Navarro de Stefano mostra seus bustos do jogador Pelé, de Tancredo Neves e do caipira, feitos de barro.

O apresentador Júlio Lerner, com o Coreto ao fundo

O programa visita à sede da Fazenda Casa Velha (demolida pela mineradora Itaquareia), uma casa bandeirista do século 18; vemos o escritório e os livros na estante onde trabalhou o cientista americano Charles H. T. Towsend (1863-1944). A Granja do Mandy na época era especializada na criação de perus. São exibidas fotografias e revistas da época de Charles D. Toutain.

O programa cita o parque industrial da cidade, na época formado por cerca de 350 indústrias e 40 mil trabalhadores. Algumas indústrias são visitadas, como a EMIC (Equipamentos de Máquinas de Ensaio) e a 777 Festas e Decorações.

No sítio Araki, localizado na estrada do Perobal, o japonês Katsuya Haraki apresenta a produção de sua estufa de plantas ornamentais: flor de maio, lírio da paz, violeta e singônio; com destaque para o seu laboratório.

O programa entrevistou desde pessoas simples até autoridades, passando por figuras públicas como Ângelo Guglielmo e o prefeito Toninho da Pamonha. O escritor Renato Ignacio da Silva fala sobre a importância da preservação da Amazônia.

Em 1989, o abastecimento de água servia apenas 30% dos bairros, a rede de esgoto era inferior a 10%, não havia Hospital, nem Pronto Socorro, a mortalidade infantil era de 105 mortos por mil nascidos vivos. Havia a crença de que a indústria era a tábua de salvação do município.

A população local é um mosaico da cultura nacional, com migrantes nordestinos e mineiros. A cultura afro-brasileira também marca presença numa grande roda de Capoeira da Associação de Capoeira Poesia dos Libertos, acompanhada de atabaque, pandeiro e berimbau.

No encerramento, um trecho de “O Barbeiro de Sevilha”, da imponente Banda Marcial de Itaquaquecetuba, que já participava de apresentações pelo país e viria ser campeã estadual e nacional. Assista ao programa: Itaquaquecetuba: a cidade faz o show.

 Cláudio Sousa

 Texto originalmente publicado na coluna Histórias de Itaquaquecetuba, no Jornal Gazeta Regional, edição 288, julho de 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário