Hoje, dia da abertura da Copa no
Brasil. Não disponho de R$ 990,00 para o ingresso da abertura. Mesmo se
tivesse, investiria em coisa melhor, do que engordar os cofres da FIFA – uma empresa
sediada num paraíso fiscal que também não pagará imposto no Brasil.

No caminho entre a estação do
metrô Tatuapé e o local do ato público, havia muitas viaturas, motos e um destacamento
da tropa de choque debaixo de um viaduto. Para entrar na rua havia um cordão da
tropa de choque, além de vários quarteirões no entorno do sindicato, cercados
pela polícia.
Entre as muitas faixas e
bandeiras, havia uma que tinha os dizeres “Terrorista é a FIFA”, com fotos dos
trabalhadores mortos em acidentes de trabalho nas obras dos estádios para a
copa (apenas no Itaquerão foram três mortos). Os faixas reivindicavam a
readmissão dos 42 trabalhadores demitidos sumariamente durante a greve dos
metroviários. O ato reuniu por volta de mil pessoas.
Estávamos cercados pela polícia
que impediu a saída da manifestação. Em um dos bloqueios a polícia começou a
jogar bombas de efeito moral (solta gás e explode) e disparar balas de borracha.
Fotografei um cinegrafista do SBT com um capacete um colete a prova de balas,
traje da imprensa em guerras. A direção do ato tomou a decisão de chamar os
manifestantes para entrar no sindicato, para separar o grupo dos provocadores
infiltrados. Depois que quase duas horas sitiados no sindicato, inclusive pela
cavalaria, e com alguns feridos, além do cheiro de gás pudemos sair.
Nas ruas próximas recolhi o que
chamo de “suvenirs da copa”: fragmentos de bombas de efeito moral (nome
oficial: Granada Efeito Moral) e de gás lacrimogêneo (Granada Lacrimogênea) e um
cartucho de bala de borracha.

No trajeto entre as estações metrô
Tatuapé e Itaquera, os vagões estavam cheios, a maioria vestidos de verde e
amarelo e alguns de branco e vermelho; a imensa maioria eram brancos e bem
alimentados. Tentei trocar umas palavras com um croata, gostaria de perguntar o
que achava do país e do que tinha visto no trajeto até Itaquera, mas o mesmo
disse que não falava português. No trem até Guaianases, que estava cheio, havia
pardos, negros e brancos, jovens e idosos; poucas pessoas vestiam verde e
amarelo.
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